quarta-feira, 1 de setembro de 2021

ATIVISMO POLÍTICO

No seguimento de recentes ponderações “políticas” nesta página e na qualidade de povoacense não podia deixar passar a oportunidade para levantar alguns argumentos de consciência social. Pela qualidade das minhas funções e por não haver cabimento ao contrário no contexto daquilo que se segue, farei as minhas considerações de forma anónima. Leiam por favor com atenção.


Política tem por conotação a administração de um determinado local. É uma disciplina complexa que se estrutura por componentes extremamente dinâmicos e sobre os quais, a grande maioria de nós não tem grande conhecimento quando opina.


O voto é uma responsabilidade social de um sistema democrático, mas tenho em parecer que a grande maioria das pessoas o faz e tece considerações com fraca retórica fundamental naquilo que pretende efetivamente comentar.

Sem querer ofender quem não se identificar com aquilo que eu digo, custa-me ler comentários desmedidos de alguém que claramente demonstra não possuir qualquer conhecimento daquilo que é o fundamentalismo socialista, democrático, comunista, ou qualquer outro idealismo político. Nem tão pouco a grande maioria tem convicções políticas definidas e estendo essa assunção aos próprios dirigentes políticos. Mas isso não me preocupa tanto.


Esta nossa pequenez crítica não é exclusiva à política. É intrínseca na condição humana. Se dissermos a alguém em fórum que a Povoação é melhor do que o Nordeste, certamente criaremos uma discussão acesa entre residentes de ambos os concelhos. Contudo, basta que aparece alguém da Terceira e aí, juntamos-mos para dizer que São Miguel é melhor que a ilha do grupo central. Se aparecer alguém do continente, define-se rapidamente um grupo defensor das maravilhas que o nosso arquipélago tem a apresentar. E por aí adiante…


Esta forma de pensar não é exclusiva à política. Está presente no futebol, na sociedade e até na maneira como educamos os nossos filhos. Existe uma conotação emocional para defender aquilo que nos é próximo ou com que nos identificamos mais.


Mas se as pessoas não tecem críticas a falar de partidos fazem-no a partir de quê? Fazem-no pelo grau de reconhecimento que têm por um indivíduo em particular. Os círculos sociais jogam, pelo que se verifica publicamente, em peso muito superior à efetiva ideologia política. Seja por desinformação, por chantagem, por promessas de atenção ao que nos é mais querido ou simplesmente por afinidade ideológica que construímos a nossa assunção daquilo que um partido representa. E essa argumentação não podia estar mais errada.


Em segundo lugar gostava de reiterar a minha crítica a todos os que atrás se inserem e opinam de bancada. Tiro efetivamente o chapéu a TODO aquele que se elevar ao escrutínio público para representar um coletivo de opiniões adversas. Seja ele dirigente de uma associação ou dirigente de um país. E digo-o independentemente do partido político e do fórum. A responsabilidade que está associada é, e digo-o com conhecimento de causa, foco maior de preocupações do que de regalias. E todo aquele que tenha assumido a direção, presidência ou executivo de um órgão coletivo saberá por certo daquilo que estou a falar.


A corja política é resultado do extremismo daquilo que menciono atrás. Existe um conjunto de pessoas, que usa estratégias para elevar a um patamar superior dos seus argumentos, muitas vezes despidas de moralidade, ou inteligência, fazendo uso da mentira e omissão cuidados, para rebaixar a concorrência. Mas repito, essas estratégias não são política. São resultado da natureza humana. E são por isso transversais a qualquer partido político. Seja na Povoação ou nos Estados Unidos.


Já dizia Dale Carnegie no primeiro capítulo do seu livro “Como fazer amigos e influenciar pessoas”, que é inerte à condição humana não admitir o erro e criar-se-á confronto com todo aquele a quem se apontar o dedo.


Deixem-me ilustrar isto com um exemplo extremo. A situação corrente no Afeganistão é suficiente para deixar aflito qualquer um que se inteire dos factos. Mas garanto-vos que na ideologia talibã, a missão levada a cabo por aquele grupo extremista é um ato de fé. De entrega a Deus. Aos olhos externos é um massacre, aos olhos de quem participa é o último estágio de devoção a algo que se acredita ser o caminho para a salvação eterna.


Pergunto-me se muitas vezes não seremos vítimas inconscientes do mesmo estilo de pensamento quando tecemos as nossas considerações políticas.


Não quero expor demagogias descabidas, mas tão é importante votar como saber efetivamente naquilo que se vota. E isso começa por nos instruirmos sobre aquilo que é efetivamente política. Fundamentos Relações internacionais, economia, legislação e direito são tudo conceitos de educação cívica que deviam ser aprendidos na escola, mas infelizmente o resultado da falta destes conceitos é medido pela quantidade de pessoas que vota essencialmente com base naquilo que lê no Facebook, com base nos brindes e retórica cuidada que lhe são oferecidos nas campanhas eleitorais.


É preciso ter muito cuidado. Só porque alguém do PS, PSD, CDU, ou seja, quem for nos ofereceu trabalho ou nos arranjou a estrada à porta de casa, não faz desse partido melhor ou pior. Faz dessa pessoa em particular, melhor ou pior.


Eu sei que é difícil elevarmo-nos a um estado de consciência mais desenvolvido, impermeável às nossas preocupações pessoais, mas isso sim é cidadania. Alargar a nossa capacidade de perceção a estes fatores e nos informarmos é aquilo que nos dá a capacidade de contribuir para o desenvolvimento daquilo que nos preocupa, seja a nossa a nossa terra, seja tudo o resto na nossa vida. O ativismo político consciente e informado é saudável, o ativismo desmedido e ignorante é um perigo e um boicote para servir os interesses daqueles por quem temos afinidade e não obrigatoriamente pelos nossos ativos de interesse.


Seja qual for a sua ideologia política, se efetivamente tiver uma, trabalhe conjuntamente com os órgãos autárquicos e comunique as suas opiniões. Não se esqueça apenas disto. Pessoas cometem erros, e a melhor maneira de evoluirmos enquanto sociedade é trabalhar em conjunto com essas pessoas na conceção de uma estratégia de governo melhor.


Vaiar e criticar valerá de pouco. Deixemos a mesquinhez de nos atacarmos uns aos outros e tecer comentários infundados sobre coisas sobre as quais nem temos conhecimento de causa. Se calhar descobrirão pela primeira vez que não defendem tão pouco o partido pelo qual juraram toda uma vida. Adquiram competências efetivas de pensamento crítico. Façam-se cidadãos inteligentes, ativistas, e defensores de um bem COMUM e qualquer partido, ou pessoa que esteja à frente da Câmara Municipal da Povoação, vos agradecerá pelo vosso contributo.


Pelo bem da Povoação e dos povoacenses,


Disse.


Um seguidor do blogue “Um Olhar Povoacense


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