Queixas vão desde a dificuldade de marcação de consulta ao mau atendimento, da faturação errada às taxas dos kits de proteção.
Numa altura em que o país regressa ao Estado de Contingência, o Portal da Queixa revela um estudo analítico sobre as reclamações dos portugueses dirigidas ao setor da Saúde. Desde o início da pandemia (março), até ao final do Estado de Alerta (14 de setembro), a maior rede social de consumidores de Portugal recebeu mais de três mil reclamações (3012), um aumento de 77%, face ao mesmo período no ano passado (1703). O setor privado regista 58% do total de reclamações (1734), e o setor público regista 42% (1278 queixas).
De acordo com o estudo desenvolvido pela equipa do Portal da Queixa, as farmácias, os hospitais públicos, os centros de saúde o os hospitais privados são as entidades maior alvo das reclamações, com destaque para as farmácias que, comparativamente com o período homólogo, registaram o maior crescimento do número de queixas, uma subida de 284%.
|
2019 |
2020 |
% |
Farmácias |
148 |
568 |
284% |
Hospitais públicos |
388 |
530 |
37% |
Centros de Saúde |
183 |
524 |
186% |
Hospitais privados |
237 |
454 |
92% |
Planos e Seguros de saúde |
399 |
451 |
13% |
Juntas Médicas |
157 |
179 |
14% |
Clínicas privadas |
80 |
138 |
73% |
Óticas |
45 |
75 |
67% |
Laboratórios Análise Clínica |
38 |
48 |
26% |
Outros |
28 |
45 |
|
SETOR PÚBLICO: da
dificuldade de marcação de consulta ao mau atendimento
Relativamente às farmácias, no início da pandemia, verificou-se que o principal
problema reportado foi a venda de máscaras (58%), devido ao
enorme tempo de espera e escassez do produto, seguindo-se o exponencial aumento
dos preços praticados do álcool gel desinfetante, que geraram 37%
das queixas.
Os centros
de saúde registaram como
principal motivo de reclamação a dificuldade de contacto para a marcação
de consultas (56% das queixas).
No topo das insatisfações dirigidas aos hospitais
públicos, o mau
atendimento e o serviço prestado representaram 21% das reclamações dos
consumidores.
A nível geográfico, o Portal da Queixa identificou que os distritos em que
os portugueses mais reclamaram do setor público de Saúde foram: Lisboa,
Porto e Setúbal.
Ainda na análise ao setor público o estudo revela que, no que diz respeito
ao perfil do consumidor que reclamou, o género feminino lidera a maioria das
queixas reportadas (59%) e o género masculino (41%). A faixa etária dos
portugueses que mais reclamaram situa-se entre os 25 e os 54 anos de idade
(74%)
Reclamações por distrito |
|
Lisboa |
37% |
Porto |
17% |
Setúbal |
12% |
Aveiro |
6% |
Faro |
5% |
Braga |
4% |
Leiria |
4% |
Coimbra |
3% |
Viseu |
2% |
Castelo Branco |
2% |
Outros |
8% |
SETOR PRIVADO:
faturação errada, taxas de kits de proteção e mau atendimento
A análise do Portal da Queixa ao setor
privado de Saúde permitiu
identificar que o principal problema relatado pelos consumidores no que se
refere a hospitais e clínicas privadas, está relacionado com a faturação
errada de valores indevidos (43%). Também a cobrança de taxas
de kits de proteção Covid-19 foi motivo de 23% das reclamações
geradas, e o alegado mau atendimento foi responsável por 12%.
No que se refere às
queixas dirigidas aos laboratórios
de análises clínicas, 27% estão
relacionadas com os rastreio à Covid-19.
A nível geográfico, o
Portal da Queixa identificou que os distritos em que os portugueses mais
reclamaram do setor privado de Saúde foram: Lisboa, Porto, Braga e
Setúbal.
No que diz respeito ao perfil do consumidor que mais reclamou contra o setor privado de Saúde, as mulheres mantêm-se na linha da frente com distinção (63% das queixas) e os homens apenas 36%. Nas reclamações por faixa etária dos portugueses, a maioria situa-se também entre os 25 e os 54 anos de idade (76% das queixas).
Reclamações por distrito |
|
|
Lisboa |
37% |
|
Porto |
25% |
|
Braga |
9% |
|
Setúbal |
9% |
|
Aveiro |
5% |
|
Faro |
4% |
|
Santarém |
3% |
|
Coimbra |
2% |
|
Viseu |
2% |
|
Vila Real |
1% |
|
Outros |
3% |
|
Portugueses
descontentes com o setor da Saúde
Segundo revela a
análise do Portal da Queixa, em ambos os setores - público e privado -, a média
da avaliação dos portugueses ao serviço prestado é de 4 em 10.
Na opinião
de Pedro Lourenço, CEO do Portal da Queixa e fundador da Consumers
Trust: “O Serviço
Nacional de Saúde continua a registar taxas de insatisfação muito elevadas de
ano para ano, não demonstrando melhorias contínuas no serviço prestado.
Enquanto que, verificámos indicadores de redução do número de reclamações
através dos canais do estado, nomeadamente no Livro Amarelo e de Reclamações,
que induzem em erro na interpretação do atual estado do setor, no Portal da
Queixa este crescimento é demais evidente, demostrando não só que os utentes do
SNS estão descontentes com o serviço prestado, como também pela desacreditação
no regulador, que manifestamente não traduz confiança na resolução dos
problemas apresentados. Este comportamento já é transversal a quase todos os setores,
na medida em que os portugueses já perceberam que a partilha pública dos
problemas que encontram na prestação dos serviços públicos, traduz melhores
resultados através da visibilidade pública, que permite uma avaliação mais
transparente e coerente com a realidade, sem filtros políticos e económicos.
Por outro lado, o serviço privado de saúde continua a não ser uma alternativa
viável para a maioria das famílias portuguesas, onde a cobrança de valores
exagerados na faturação pós-prestação do serviço, afastam os potenciais
clientes do setor, obrigando-os a sacrificarem-se na espera de consulta através
do SNS.”
NOTA: Todas
as reclamações registadas no Portal da Queixa dirigidas ao setor da Saúde estão
disponíveis publicamente para consulta em: www.portaldaqueixa.com
Sobre o Portal da Queixa:
O Portal da
Queixa é uma plataforma inovadora e
pioneira em Portugal, lançada em junho de 2009. Hoje, posiciona-se como a maior
rede social de consumidores e marcas do país, sendo uma referências nacional em
matéria de consumo.
O Portal da
Queixa é visitado por mais de 1.8 milhões de consumidores mensais, possui mais
de 450.000 utilizadores registados, 7.500 marcas na plataforma e recebe em
média 9.000 reclamações por mês. A maioria das pessoas procura a plataforma
para comunicar diretamente com outros consumidores, marcas e entidades
públicas, bem como, para compararem marcas com base no Índice de Satisfação.
Mais de 90% dos visitantes do Portal da Queixa, não efetua uma reclamação,
pesquisa informações sobre uma marca ou serviço antes de procederem à decisão
da compra final.
O
crescimento exponencial e a consolidação do Portal da Queixa como um dos
principais influenciadores nacionais em matéria de consumo, permitiu alcançar
um novo posicionamento ao internacionalizar a sua plataforma para mercados com
Espanha (Libro de Quejas) e África do Sul (Complaints Book), através do
lançamento da sua marca global: Consumers Trust.
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