quinta-feira, 6 de junho de 2019

SPEA GALARDOADA NOS PRÉMIOS “ESPÍRITO VERDE” DO GOVERNO DOS AÇORES

O trabalho da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) em prol da natureza foi ontem reconhecido pelo Governo dos Açores, com a atribuição do prémio “Espírito Verde”. Na cerimónia que decorreu na cidade da Horta, ilha do Faial, Açores, a SPEA foi galardoada na categoria Recursos Naturais e Qualidade Ambiental, pelo seu projeto Life Ilhas Santuário para Aves Marinhas, e recebeu ainda uma menção honrosa para o Centro Ambiental do Priolo, na categoria de Educação, Comunicação e Voluntariado.

Rui Botelho recebe o prémio "Espírito Verde" em nome da SPEA
Foto: DRA
Os prémios “Espírito Verde”, implementados em 2018 pela Secretaria Regional da Energia, Ambiente e Turismo, através da Direção Regional do Ambiente, premeiam empresas, instituições e personalidades que se distingam pelas boas práticas ambientais, bem como na investigação, ativismo, voluntariado e mecenato ambientais.

“Estamos muito orgulhosos com este reconhecimento do trabalho da SPEA em prol da natureza dos Açores, e em especial das aves marinhas, para as quais o nosso arquipélago tem uma grande importância a nível mundial”, diz Rui Botelho, coordenador da SPEA Açores. “Este prémio não é só para nós, é também para todos os nossos parceiros, todas as entidades e voluntários que tornaram possíveis os resultados que obtivemos.”

O Projeto Life Ilhas Santuário para Aves Marinhas foi um projeto pioneiro para a conservação das colónias de aves marinhas nos Açores, através da recuperação do seu habitat e de medidas de controlo e erradicação de espécies invasoras. Implementado pela SPEA na Ilha do Corvo e no Ilhéu de Vila Franca do Campo de 2009 a 2012, em parceria com a Secretaria Regional do Ambiente e do Mar (SRAM), a Câmara Municipal do Corvo e a Royal Society for the Protection of Birds (RSPB). este. projeto criou verdadeiros santuários para os cagarros e outras aves marinhas.

O Life Ilhas Santuário levou à criação de uma Reserva Biológica de Altitude para plantas endémicas na ilha do Corvo, bem como da Reserva Biológica do Corvo, com a sua vedação anti-predadores – a primeira a ser testada na Europa. No decurso do projeto, 70% dos gatos domésticos do Corvo foram esterilizados e marcados com microchip, para minimizar o seu impacto nas aves marinhas. O projeto permitiu ainda a construção de uma estufa e produção de plantas nativas e endémicas no Corvo, para ajudar a restaurar os habitats e paisagens originais da ilha. E para que as aves marinhas pudessem beneficiar em pleno desta reabilitação, foram construídos 400 ninhos artificiais para os quais as aves foram atraídas. Trabalhando de perto com a população do Corvo, o projeto tem sido a força motriz de 10 anos de conservação das aves marinhas na ilha. 

O trabalho reconhecido pelo prémio Espírito Verde não terminou. A SPEA está a dar continuidade a estas ações, em colaboração com a Direção Regional dos Assuntos do Mar e o Fundo Regional de Ciência e Tecnologia, em articulação com outros projetos em curso, como o LuMinAves e o MisticSeas II, que visam monitorizar colónias de aves marinhas no arquipélago e minimizar o impacto da poluição luminosa.

Relativamente ao projeto destacado na categoria de Educação, Comunicação e Voluntariado, oCentro Ambiental do Priolo tem sido responsável pela organizaçãode toda a componente de sensibilização e de educação ambiental dos sucessivos projetos para a conservação do priolo – ave que só pode ser encontrada nos Açores.Paragem obrigatória para quem visita a Zona de Proteção Especial do Pico da Vara/Ribeira do Guiherme, este centro de interpretação desenvolve também um programa de atividades de sensibilização para a população local e um programa de educação ambiental para escolas, ATLs e entidades educativas de São Miguel. 

Gerido pela SPEA e localizado na Reserva Florestal de Recreio da Cancela do Cinzeiro na Pedreira, Nordeste, S. Miguel, este Centro foi criado no âmbito do projeto Life Priolo, em parceria com a Secretaria Regional do Ambiente e do Mar (SRAM) e a Direção Regional de Recursos Florestais (DRRF), e inaugurado em Dezembro de 2007. Desde então, este centro já recebeu mais de 25.000 visitantes, realizou mais de 690 atividades com mais de 20.000 alunos de todas as escolas da ilha de São Miguel, promoveu a formação de professores sobre a biodiversidade dos Açores e a sua aplicação pedagógica, tem realizado uma média anual de 50 atividades de sensibilização e voluntariado para o público geral com mais de 10.000 participantes e criado várias exposições e materiais educativos sobre a biodiversidade dos Açores.

“Esta menção honrosa reflete o impacto do Centro Ambiental do Priolo não só na conservação do priolo mas sobretudo como embaixador – em S.Miguel, nos Açores e no mundo – das Terras do Priolo e do valor da nossa floresta natural”, diz Rui Botelho. “Esta distinção representa prestígio mas acima de tudo acrescenta responsabilidade e a vontade de trabalhar mais e melhor, de continuar a contribuir para a conservação da biodiversidade das ilhas de Bruma, em colaboração com os parceiros, voluntários e restante população que são essenciais para o sucesso destes projetos.”

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