quarta-feira, 14 de novembro de 2018

ESTUDO REVELA QUE QUASE 80% DOS PORTUGUESES QUE SOFREM DE ENXAQUECA SENTEM-SE LIMITADOS PARA CUMPRIR AS TAREFAS DIÁRIAS


·         50% dos portugueses que sofrem de enxaqueca faltam, em média, 4 dias por mês ao trabalho

·         My Migraine Voice é o maior estudo mundial realizado em cerca de 11 mil pessoas que sofrem de enxaqueca, incluindo Portugal

·         O estudo revela que a enxaqueca afeta significativamente a vida pessoal e profissional, incluindo a incompreensão por parte dos outros e a depressão

79% dos portugueses que sofrem de enxaqueca sentem-se limitados para cumprir as tarefas diárias durante uma crise. Esta é uma das principais conclusões do “My Migraine Voice”, o maior estudo mundial de avaliação do impacto social e económico da enxaqueca, a ser apresentado amanhã no Congresso de Neurologia 2018.

Promovido pela Novartis e pela European Migraine e Headache Alliance (EMHA), revela ainda que o impacto da patologia na vida profissional é reconhecido por 80% dos inquiridos, sendo que metade (50%) dos doentes faltou ao trabalho por causa da enxaqueca no último mês (uma média de 3,8 dias). Os participantes reportaram uma média de 10 dias prejudicados pela enxaqueca no mês anterior ao estudo e 44% dizem que os ataques duram um ou mais dias.

Os participantes partilharam que a enxaqueca gera vários sentimentos negativos, incluindo a incompreensão por parte dos outros (54%), a sensação de impotência face à doença (43%) e a depressão (40%).

Quase todos os participantes (95%) relatam dificuldade em dormir, assim como a necessidade de períodos prolongados no escuro ou isolados durante uma crise de enxaqueca (90%, numa média de 11,6 horas por mês).

Cerca de metade dos portugueses envolvidos no estudo (43%) são afetados pela doença há mais de dez anos, 76% reportaram outras doenças crónicas e 59% têm histórico de enxaqueca na família. Das enxaquecas que acometem a população portuguesa, 76% requerem medicação e, destas, 85% são tratadas com analgésicos. Em Portugal, os tratamentos preventivos da enxaqueca mais comuns são antidepressivos (33%), betabloqueadores (28%) e antiepiléticos (26%). A doença é controlada maioritariamente por médicos de família (45%) e neurologistas (30%).

“A enxaqueca é frequentemente subvalorizada como sendo apenas uma dor de cabeça. Estes resultados trazem uma nova perspetiva sobre uma doença invisível, ainda que debilitante”, afirma Elena Ruiz de la Torre, diretora executiva e ex-presidente da EMHA. “Apesar de viverem com uma condição altamente incapacitante, estas pessoas esforçam-se por ser produtivas, mas precisam de maior alívio dos sintomas e apoio no local de trabalho, para conseguir atingir o seu potencial em pleno.”

A enxaqueca ocorre frequentemente durante a idade ativa, entre os 35 e os 45 anos de idade, resultando frequentemente em incapacidade temporária durante as crises. As pessoas podem ficar incapacitadas devido aos sintomas, que podem durar dias. A enxaqueca é onerosa para a sociedade, com custos totais estimados entre 18 e 27 mil milhões de euros na Europa2,3 e cerca de 20 mil milhões de dólares nos EUA4,5.

Sobre o estudo My Migraine Voice

O estudo mundial My Migraine Voice avaliou a carga da enxaqueca do ponto de vista do doente1. Os dados foram recolhidos através de um questionário online de 30 minutos, em 31 países, entre setembro de 2017 e fevereiro de 2018. As questões incluíam o impacto social, económico e emocional da doença, a experiência real de um indivíduo que vive com enxaqueca e o seu contexto no sistema de saúde e no ambiente no trabalho. Foram incluídos 11.266 adultos (com 18 ou mais anos) com pelo menos quatro dias com enxaqueca por mês, nos últimos três meses e relataram terem sido diagnosticados por um profissional de saúde1,6. O desenho do estudo pré-determinou que 90% tivessem experiência de pelo menos um tratamento preventivo e destes, 80% tivessem já mudado de tratamento uma ou mais vezes1.

Em Portugal foram inquiridos 143 doentes sendo que, destes, 80% são mulheres, com uma média de 37 anos, 73% estão empregados e 48% são casados.

O estudo foi orientado por um comité diretivo que inclui pessoas que vivem com enxaqueca, neurologistas e associações de doentes. Foi conduzido pela empresa de estudos de mercado GfK Health Switzerland.

Sobre a enxaqueca

A enxaqueca é uma doença neurológica distinta2. Inclui crises recorrentes de dor de cabeça moderada a grave, tipicamente pulsátil, geralmente unilateral, associada a náuseas, vómitos e sensibilidade à luz, ao som e aos odores5. A enxaqueca está associada à dor incapacitante e à redução da qualidade de vida assim como a custos para a sociedade2. Tem um impacto profundo na capacidade para realizar tarefas quotidianas e foi declarada pela Organização Mundial da Saúde como uma das 10 principais causas de anos vividos com incapacidade, por homens e mulheres2,5. Continua subvalorizada e subtratada2,6.

Referências

Schwedt TJ, Vo P, Fink R et al. Work productivity amongst those with migraine: results from the My Migraine Voice survey.  Abstract presented at the 60th Annual Scientific Meeting of the American Headache Society (AHS), San Francisco, CA, USA, June 28-July 1, 2018.

1.       Olesen J. et al. European Journal of Neurology. 2012; 19 (1): 155-62
2.       Stovner LJ. et al. Journal of Headache and Pain. 2008; 9: 139-46
3.       Hawkins K, Wang S, Rupnow MF. Indirect cost burden of migraine in the United States. J Occup Environ Med. 2007;49(4):368-374.
4.       Hawkins K, Wang S, Rupnow MF. Direct cost burden among insured US employees with migraine. Headache. 2007;48(4):553-563.
5.       Data on file.  Novartis, 2018.
6.       World Health Organisation Factsheet on Headache Disorders. http://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/headache-disorders Accessed June 2018.

Povoação, quarta-feira, 14 de novembro de 2018.

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