sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

ECO DO CORAÇÃO

Quase no terminus de cada ano civil e início do religioso festejamos o aniversário de Jesus Menino. O Messias Salvador!

A quadra natalícia é de sonho de tristeza de alegria e de nostalgia de outros, Natal partilhado com sorriso rasgado ou lágrima saltitante, de abundância ou de miséria. Este Natal tenhamos um coração aberto um abraço de doação. Amor e paz acontecem!

Quão felizes nos sentimos sempre que contribuímos para a felicidade de outros menos favorecidos pelas circunstâncias da vida.

Quanta vez no passar de hora de cada dia nos sentimos carentes de algo, sabemos que a felicidade não se compra constrói-se partilha-se com carinho e doação.

Eis que o Natal chegou: Eis que o Natal se foi! Em cada segundo, minuto ou hora que passe Jesus nasce está connosco em cada menino em cada criança que bom seria sermos Reis Magos para os presentear com novo mundo pleno de amor e paz. Viva em minha memória, a imagem do beija menino de um Natal distante na Igreja Matriz de Vila do Porto; “Vejo o Sr. Padre Jacinto Monteiro” saudosa memória segurando com ternura um menino; com aquele sorriso peculiar o dava a beijar. Surpresos e felizes beijamos a perna ou bracinho daquele lindo menino de carne e osso baptizado naquela noite. Que ternura imensa albergava o coração do Sr. Padre Jacinto Monteiro.

Para as crianças que sonham com mundo de amor uma pequena estória contou-a a minha avó materna – Maria Augusta da Conceição que era uma doce criatura.

Á esposa do Rei a Dona Rainha em hora um pouco apressada nasceu dois gémeos dois lindos meninos idênticos, no meio da aflição e alegria gerou-se um pouco de confusão e não fixaram o primeiro que nascera. É usual nas monarquias o primogénito ser o futuro rei por existir esta dúvida ordenou o Rei que arautos fossem por todo o Reino comunicar ao povo, Clero e Nobres do nascimento dos gémeos e implorassem ao Divino para iluminar o Rei, a Rainha e Conselheiro destes para uma feliz escolha do futuro príncipe reinante. Dias depois entrou o Rei a Rainha e Conselheiro na alcova dos príncipes e com os olhos que Deus lhes deu viram os bebés dormindo. Um deles com punhos cerrados e rosto contraído deduziram que era colérico; o outro de mãos e braços abertos dormia sorrindo.

Foi este último escolhido ao falecer o pai foi ele coroado Rei, disse-me a minha avó que foi um Rei com grandeza de alma bondoso e justo felizes foram os seus súbitos em todo o Reino.

Para os adolescentes e mais idosos aqui vai o peru que tenha “sabôr e não seja indigesto”.

Estando próximo o Natal comprou Mestre Antero no mercado da Graça em Ponta Delgada um peru e levou-o depois para uma oficina garagem, que existia na Arquinha local onde trabalhava com um auxiliar espanhol que “adorava pregar partidas ao Mestre” um modo de se vingar de tanta vez ser mandado fazer algo quando a vontade era pouca; razão tinha o Espanhol, porque o dinheiro era escasso.

Ao ir o mestre Antero à casinha, aproveitou o espanhol retirando a água que o peru bebia substituindo por aguardente, horas depois cambaleava o peru e de quando vez aterrava. Vendo assim o peru Mestre Antero exclamou: - Oh, que sorte a minha! Este estupor está doente já não tenho peru para a ceia do Natal. Lá se foi um Stº António!

Minha rica nota de vinte escudos, eu tenho que ir à benzedeira. Isto é azar a mais.

Discretamente ria-se o espanhol e entre dentes dizia – Me paga – Me paga. Ó Ruam o patrão mandou-me ir com o carro ao Nordeste levar uns fregueses se o peru morrer enterra-o. Vai-a, vai-a descansado mestre que o glu-glu fica à minha guarda o enterro dele é com fiesta. No dia seguinte perguntou Antero pelo peru respondeu Ruam. Coitadito – coitadito se foi. E logo depois convidou o Mestre para uma petiscada a que Mestre Antero não disse que não. Come e bebe venha daí, que eu já lá vou quem me convida quem me convidou amigo é e não pecou…a petiscada se realizou e Mestre Antero os ossos e dedos chupou só depois é que Ruam lhe disse terem eles jantado peru que deixara de fazer glu-glu. Resmungou o Antero; logo depois disse, este abriu-me o apetite vou comprar outro para o Natal e tu é que vais cozinhar. Ámen respondeu o Ruam.

Um Stº Feliz Natal – Alegrai-vos Jesus está connosco!

Benjamim Carmo 

Povoação, sexta-feira, 23 de dezembro de 2016.

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