sexta-feira, 23 de setembro de 2016

VILA DA POVOAÇÃO TEM DE APROVEITAR AS TRADIÇÕES, OS RECURSOS TERRESTRES E MARÍTIMOS PARA CAPTAR O TURISTA

Caros seguidores, este é o título original de um artigo publicado no jornal regional Correio dos Açores de 11 de setembro de 2016, apenas procedemos à troca do nome do Concelho, uma entrevista conduzida pela jornalista Nélia Câmara.
               
Leia atentamente a entrevista que transcrevemos na íntegra e tente imaginar o que seria possível fazer-se de idêntico modo no nosso Concelho. Será que consegue imaginar?

Afinal fomos ou não fomos o 1º povoado desta ilha?


Temos ou não temos história única e própria a explorar e dar a conhecer?

Temos a maior sala de visita dos Açores!

Temos a maior rede de trilhos da ilha! (ao abandono!)

Temos mar e uma beira mar por explorar!

Temos Miradouros de excelência! (alguns com má manutenção!)

E temos muito muito mais….

Porque não aproveitar todos estes recursos e rentabilizá-los?


Vila Franca tem de aproveitar as tradições, os recursos terrestres e marítimos para captar o turista

Vila Franca do Campo, a primeira capital da ilha de São Miguel, localizada na costa sul, tem todas as condições para ser um importante pólo de turismo, captando em todas as dimensões a massa turística que aflui à ilha, dinamizando a economia local, e fazendo a sua distribuição para os restantes concelhos. Esta é a primeira ideia que ressalta da tese de Mestrado de Elisabete Silva. Os desportos radicais e um roteiro das culturas - banana, ananás e maracujá - podem ser boas ideias para potenciar a economia local, não esquecendo as tradições...

Vila Franca do Campo, a primeira capital da ilha de São Miguel, localizada na zona sul, tem todas as condições para ser um importante pólo de turismo, captando em todas as dimensões a massa turística que aflui à ilha, dinamizando a economia local, e fazendo a sua distribuição para os restantes concelhos. Esta é a primeira ideia que ressalta da tese de Mestrado de Elisabete Maria Andrade Silva, sob a Orientação da Professora Maria da Graça Batista, da Universidade dos Açores. Aprovada com distinção, a autora da tese, que se apoiou no projecto de desenvolvimento de Cabo Verde, pelo exemplo insular, e entende que a terra que a viu nascer e onde sempre dedicou a sua vida activa ao turismo - é assistente de direcção do Hotel Marina de Vila Franca -, entende que do trabalho de pesquisa que efectuou no terreno tem ainda um longo caminho a percorrer e “em alguns casos já houve mesmo em termos turísticos, alguns retrocessos que é preciso tornar a reavivar”.

O trabalho reconhecido pela academia açoriana visa, segundo a sua autora, “impulsionar o desenvolvimento de Vila Franca do Campo, através de acções a implementar para promover o crescimento económico, social e ambiental do concelho Baseado numa abordagem qualitativa da situação do concelho e a entrevistas efectuadas aos principais stakeholders do concelho (privados, públicos e população local) com o intuito de obter resultados o mais próximo possível da realidade”.

Em declarações ao Correio dos Açores, Elisabete Silva não tem dúvidas de que Vila Franca tem uma manancial “que não está a ser aproveitado”, porque muito do que é tradicional está a perder-se e podia ser “aproveitado para dinamizar a pequena economia local” com uma nova maneira de olhar para o passado mas dinamizando o presente. É o caso da olaria de Vila Franca do Campo, que tem de ocupar um lugar de destaque no campo turístico, tal como acontece na Lagoa.

Os turistas levam louça da cerâmica Vieira mas quase não levam louça de Vila Franca porque não há um circuito turístico. De Vila Franca, diz, levam as queijadas, saborosas, mas podiam levar muito mais, como maracujá, polpa de maracujá, banana, vinho abafado... Isso são exemplos mas muito mais havia para que os turistas e os locais que passem na antiga da ilha podem levar. Para que isso aconteça Elisabete Silva diz que há que preparar um roteiro turístico. No caso da banana podia haver um circuito da plantação, tal como se faz na Fajã de Baixo com o ananás. “As nossas estufas também são importantes e a plantação de ananás em Vila Franca também existe. No caso do maracujá Vila Franca é a única onde se faz polpa desse fruto, portanto seria importante dar os primeiros passos para a construção de uma pequena fábrica. Essa seria uma maneira de desenvolver a economia local mas também dar atenção à produção e à comunidade.

Para Elisabete Silva não faz sentido que as tradições se percam quando podem ser aproveitadas para melhorar a vida das pessoas. Essa jovem, a nível cultural defende que deve haver uma forte aposta na recuperação das tradições, dando valor ao que é profano, mas respeitando o que é religioso, e dá como exemplo o facto de não se poder “atrapalhar” as festividades de uma festa religiosa como é o caso do Senhor Bom Jesus da Pedra com música de “Mamonas assassinas”. Tem de haver em seu entender variedade para todos os públicos mas a mistura entre o sagrado e o profano não pode ser feita de ânimo leve. Defende também que em Vila Franca devem ser feitas feiras temáticas para aproveitar os recursos, por exemplo podia ser feita uma Feira da apanha do Milho e outra da Vindima, em que tanto os locais como os turistas pudessem apreciar o que ainda se faz na ilha, neste caso no concelho.

Esta seria também, em seu entender, uma maneira de dinamizar todas as freguesias do concelho, pois cada uma delas tem as suas potencialidades num “projecto de culturas”.

Elisabete Silva também preconiza uma melhoria dos trilhos pedestres, a descrição do património histórico, museológico e religiosos, como é o caso das igrejas que não têm qualquer identificação nem a sua história é dada a conhecer a quem visita as igrejas do concelho. “Seria importante que cada igreja/ermida tivesse afixada uma pequena história. Isso pode ser feito em conjunto com as escolas profissionais que temos no concelho, tanto ao nível de português como de inglês. Os estudantes podem fazer projectos muito interessantes e que podem ser aproveitados. Em vez de fazerem estágios nas unidades hoteleiras podiam fazer estágios com projectos interessantes e no terreno. Alguns deles até podem servir para angariar dinheiro que serviria, por exemplo, para que fizessem uma viagem de finalistas. Há é que ter imaginação e criatividade”.

Ao nível das actividades, muito há no entender desta assistente de direcção para fazer. “Tem de haver motivação para se criar, mas do ponto de vista da realização de actividades podemos fazer muito, desde paddy paper passando pelo montanhismo, pelo BTT e Moto 4. O turista de desportos radicais não pode ser esquecido e Vila Franca pode aproveitar a época baixa para promover vários eventos e desenvolver a economia no seu todo, porque a natureza a é nossa”.

Mas aqui Elisabete Silva acrescenta a importância que os desportos náuticos tem no concelho e que deviam ser incrementados como recurso para o turista que visita a ilha, bem como defende a introdução na zona da orla marítima de Vila Franca a abertura de mais bares e lojas temáticas, assim como a centralização do Posto de Turismo que está fora do centro de congregação de turistas.

Elisabete Silva diz que só com um “ planeamento turístico integrado e estratégico pode promover o desenvolvimento económico, social e cultural de um território. Num concelho de pequena dimensão e com recursos limitados, o turismo pode constituir-se como um motor de desenvolvimento e servir de orientação aos agentes públicos, privados e comunidade local na prossecução deste objectivo”.

Nélia Câmara
Fonte: Jornal correio dos Açores

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