terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

CARNAVAL

É carnaval!...
E lá vai o mascarado
Vestindo um gibão,
Há muito fechado
Avaramente,
Num velho bolorento
Guarda-fato…

Um velho gibão,
Bolorento,
Que exalta bafio…
E tanta,
Tanta gente
Morrendo,
Morrendo de frio…

É Carnaval!...
E lá vai o mascarado…
O rosto enfarinhado…
É branca a farinha,
Farinha
Que mancha
O próprio gibão…
E tanta,
Tanta boquinha
Faminta,
Faminta… e sem pão!

É Carnaval!...
Pereça a tristeza…
Que morra o tormento…
Afunde-se o mal…
Esmague-se a dor,
Num mar de alegria…
Efémera alegria,
Nascida na graça
Que apenas vive
O breve momento
Da hora que passa!...

É Carnaval!...
Nos salões ou na rua,
Por onde passou,
Apenas deixou
Vínculos tristes
Da sua loucura…
…E a vida continua
Dura,
Na sua realidade
Crua,
Na sua eterna verdade!...

Poema de: Lopes de Araújo (pai)

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