A imagem do Senhor
Santo Cristo sai à rua este ano, na procissão de domingo, em Ponta Delgada, com
uma capa nova em veludo e bordada com ouro oferecida por um emigrante, foi ontem revelado
Margarida Borges, a religiosa responsável pela imagem, explicou
aos jornalistas que a capa "oferecida pelo emigrante Mário Silva foi feita
na Cooperativa Nossa Senhora da Paz, em Vila Franca do Campo, na ilha de São
Miguel, e entregue na semana passada".
É sempre grande a expetativa, todos os anos, em redor da capa
escolhida para cobrir a imagem do 'Ecce Homo', oferecida às freiras Clarissas
pelo papa Paulo III há mais de 400 anos.
A imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres tem 29 capas e a religiosa
adiantou que a escolha recaiu este ano sobre a oferta de um emigrante que chega
esta tarde à ilha de São Miguel para participar nos festejos que decorrem no
fim de semana.
"A capa já estava programada há dois anos. Não é uma coisa
improvisada de um dia para o outro", explicou Margarida Borges, admitindo
que a oferta pretende salientar "a ligação dos emigrantes açorianos
radicados no Canadá".
Na conferência de imprensa para apresentação da capa escolhida
para a procissão que percorre as ruas da cidade de Ponta Delgada na tarde de
domingo, o provedor da Irmandade do Santo Cristo, Carlos Faria e Maia, avançou
que o custo das festas situa-se "entre os 150 a 200 mil euros" e este
ano "elegeu-se como mensagem de reflexão para as festividades a frase:
'Fé: confiança no caminho da salvação'".
"Os foguetes que rebentaram, nestes últimos dias, no campo
de São Francisco, ao meio dia em ponto, anunciaram à cidade que estamos na
semana da Festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres. Cumpriu-se, assim, mais
uma tradição", salientou, lembrando que as festas são este ano presididas
pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de Braga, Francisco José Senra de Faria
Coelho, na sequência de um convite endereçado pelo Santuário do Senhor Santo
Cristo, e contam com o bispo de Angra e Ilhas dos Açores, António Sousa Braga.
À semelhança do que acontece desde há quatro anos, a Irmandade
vai promover, em colaboração com a RTP/Açores, a transmissão direta dos
momentos mais significativos das festividades no seu sítio da internet.
O provedor sublinhou ainda que a emissão da RTP/Açores passou
hoje a ter distribuição a nível nacional, por ocasião da festa do Santo Cristo
dos Milagres, algo também evidenciado pela diretora da RTP/Açores, Maria do
Carmo Figueiredo, que disse ser esta "a melhor data" para que a
emissão do canal regional passasse a ter distribuição a nível nacional.
"É uma data simbólica. A RTP/Açores sempre transmitiu as
festas. É uma relação de fé e confiança que tem com os açorianos", frisou.
O ponto alto dos festejos, que terminam no dia 14, é a
procissão, que se realiza desde 1700 no quinto domingo depois da Páscoa,
percorrendo as ruas da cidade com uma imagem do 'Ecce Homo' e que este ano
conta com 24 filarmónicas.
Na madrugada de domingo, como é tradição, a imagem sai da Igreja
do Santuário para a Igreja de S. José, um espaço maior que permite receber os
milhares de peregrinos em vigília.
O programa integra também a Procissão da Mudança da Imagem do
Santo Cristo, que sai na tarde de sábado do Coro Baixo do Convento da Esperança
para a igreja anexa, cumprindo um trajeto à volta do Campo de São Francisco.
Estas festas atraem todos os anos a Ponta Delgada milhares de
peregrinos oriundos de todas as ilhas do arquipélago, de vários pontos do
continente e das comunidades de emigrantes açorianos. Mas este ano são
esperadas mais pessoas devido à entrada das companhias aéreas 'low cost' no
mercado açoriano.
O comissário da PSP Ruben Medeiros adiantou que este ano está
planeado um efetivo de 250 elementos especificamente dedicados às festividades,
havendo ainda uma força de reserva de cerca de 50 elementos em termos de ordem
pública que também farão parte deste dispositivo de segurança.
O responsável da polícia alertou para os condicionalismos ao
trânsito e às proibições de estacionamento, nomeadamente no Campo de São
Francisco e ruas adjacentes, e alertou ainda a população para "especiais
cuidados" na "guarda dos seus bens", ajudando assim "a
evitar a pequena criminalidade de ocasião".
APE // MP
Lusa/fim
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