segunda-feira, 14 de abril de 2014

TDC DIZ QUE ESCOLHA DE PRIVADOS PARA CRIAR EMPRESA NA POVOAÇÃO VIOLOU "TRANSPARÊNCIA"

O Tribunal de Contas (TdC) considerou, na sequência de uma auditoria à empresa municipal Espaço Povoação, dos Açores, que a escolha dos parceiros privados para a constituição da empresa Povoadesp "violou os princípios da transparência".

“O procedimento da escolha dos parceiros privados para a constituição da Povoadesp, S.A. violou os princípios da transparência, da igualdade e da concorrência”, refere o relatório do TdC hoje divulgado no seu sítio na Internet.

A auditoria visou apurar o grau de consecução dos objetivos que conduziram à constituição da Espaço Povoação – Empresa Municipal de Atividades Desportivas, Recreativas e Turísticas, E.E.M.

Pretendeu-se ainda analisar o relacionamento financeiro com a Câmara Municipal da Povoação, como entidade pública participante, bem como com a sua participada Povoadesp – Construção e gestão de equipamentos desportivos, S.A..

Após o início da sua atividade, em fevereiro de 2005, a empresa municipal Espaço Povoação promoveu a seleção de parceiros privados para criar uma empresa de capitais maioritariamente privados para desenvolver infraestruturas desportivas para o concelho, o que se concretizou em agosto.

De acordo com o TdC, foi constatada uma “clara intenção de afastar potenciais interessados, quer por via da fixação de um prazo curto para apresentação de propostas (11 dias), quer pela disponibilização, a quem veio a ser o único concorrente, dos elementos necessários à elaboração da candidatura, ainda antes de iniciado o procedimento”.

O relatório acrescenta que as empreitadas do complexo de piscinas cobertas da Povoação e do complexo desportivo das Furnas foram adjudicadas pela Povoadesp ao principal parceiro privado, o que “agrava as consequências financeiras do procedimento adotado”.

“Não houve transferência de riscos e de responsabilidades para o parceiro privado que justificasse a constituição da parceria”, refere o relatório.

O TdC considera que a mesma finalidade “poderia ter sido atingida pelo município da Povoação, diretamente, mediante a celebração de contratos de empreitada de obras públicas e de contrato de empréstimo para financiamento das obras, com vantagens do ponto de vista da gestão dos dinheiros públicos”.

O relatório do tribunal recomenda que se promova a extinção da participação detida pela Espaço Povoação, E.M.M. no capital social da Povoadesp, S.A..

Outra das recomendações dos TdC aponta a necessidade de se diligenciar junto da Povoadesp o “esclarecimento das situações evidenciadas” no relatório, designadamente no que concerne à faturação dos trabalhos não realizados no âmbito da empreitada de construção do complexo de piscinas cobertas da Povoação, no valor de 75.857.77 euros.

São acionistas da Povodesp as empresas Irmãos Cavaco - Construções Açores S.A, Irmãos Cavaco S.A., Mota&Jesus Lda, Irmãos Duarte Lda e Espaço Povoação.

Fonte: Lusa

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