No
dia 13 de Março a Sociedade Portuguesa de Nefrologia assinala o “Dia Mundial do
Rim”, sob o tema “A Doença Renal Crónica e o Envelhecimento”. Esta iniciativa,
em mais de 100 países em todo o mundo surgiu da necessidade de informação e
sensibilização sobre a doença renal, devido à sua elevada prevalência e
significativas morbilidade e mortalidade associadas.
A
Doença Renal Crónica é caracterizada pela perda lenta, progressiva e por vezes
irreversível da função renal e é uma patologia que tem um elevado índice de
mortalidade precoce. Embora se possa manifestar em qualquer idade, os idosos
compõem a faixa etária mais afetada pela doença renal crónica, sendo por isso
considerada uma patologia geriátrica.
Tem-se
assistido, nos últimos anos, a um incremento das taxas de incidência e
prevalência desta doença na população com mais de 65 anos, verificando-se
também um aumento da idade média dos doentes a fazer hemodiálise - acima dos 65
anos -, razões que apontam para a necessidade de estar vigilante para o
problema junto da população mais envelhecida.
Com
o avançar da idade as principais causas que podem provocar insuficiência renal
são a nefropatia diabética, a hipertensão arterial, as doenças vasculares, as
nefropatias hereditárias e as glomerulonefrites. Mas se estas patologias são a
causa da maior prevalência da doença renal crónica nesta faixa etária, também a
própria alteração da morfologia, estrutura e funcionalidade do aparelho renal
associadas ao envelhecimento, têm uma grande responsabilidade na incidência da
doença. A atrofia dos rins consequência de alterações vasculares intra e extra
renais, é um sinal da possibilidade de se vir a desenvolver insuficiência
renal.
Na
generalidade, a população sénior tende a ter maiores níveis de dependência
necessitando de um apoio mais constante e mais atento. A precocidade no
diagnóstico permitirá atenuar e prevenir os efeitos desta doença garantindo ao
idoso melhor qualidade de vida. O doente aprende e entende melhor e com menos
ansiedade porque é que tem de ter alguma restrição alimentar, qual é o
benefício da medicação e porque tem de se submeter a alguns procedimentos
clínicos, mais agressivos, que eventualmente lhe possam vir a ser efectuados.
A
ausência sintomática nos primeiros estádios da doença, incentiva ainda mais
esta proactividade e necessidade de estar alerta para a saúde dos rins,
principalmente em pacientes com fatores de risco. É fundamental acautelar
possíveis alterações a nível da urina. As alterações do débito da urina, a
sensação de ardor ao urinar, a presença de sangue ou a dificuldade em urinar,
bem como dor ou desconforto na região lombar.
Quando
se faz o diagnóstico de doença renal e após terapêutica instituída não se obtém
uma cura total o doente fica com uma doença crónica conhecida por doença renal
crónica (DRC).Esta doença evolui, a maior parte das vezes, de forma
progressiva, mais ou menos lenta, dependendo a progressão da etiologia da
doença, da terapêutica e da adesão do doente à mesma. Daí que o acompanhamento
do idoso, nesta fase, adquira neste contexto um papel relevante na maneira como
ele encara toda a problemática do seu estado de saúde.
Quando
o doente atinge o estádio terminal da DRC as opções terapêuticas
disponibilizadas para substituir a função renal são a hemodiálise (HD), a forma
comumente utilizada, a diálise peritoneal (DP) e o transplante renal.
Uma doença crónica é sempre um factor indutor
de apreensão emocional. No idoso, sempre mais fragilizado, a DRC e os
tratamentos actualmente disponíveis para manter a vida, habitualmente
desconhecidos da população, engendram estados de grande incerteza. Acrescem,
ainda, as alterações provocadas na vida quotidiana que provocam naturalmente,
nesta faixa etária, estados de ansiedade e mesmo depressivos que requerem por
um lado, uma maior acuidade do apoio médico e por outro, um efectivo apoio
socio - familiar.
A
Direcção da Sociedade Portuguesa de Nefrologia
Fotos: Google imagens
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