Ana Cristina
Mangas, coordenadora do Grupo de Estudo de Medicina da Dor da Sociedade
Portuguesa de Anestesiologia
Todas
as pessoas podem sofrer de dor crónica, mas a população feminina é a mais
afetada, possivelmente porque a sua esperança de vida é maior, mas também
porque a dor crónica está associada às doenças degenerativas mais frequentes
nas mulheres.
Estima-se
que mais de um milhão e quatrocentas mil mulheres portuguesas sofram de dor
crónica. Muitas vezes esta situação é negligenciada pois de ser tão vulgar e
frequente não é valorizada. Mas este “fardo” não é necessariamente algo que não
possa ser aliviado.
Sinais de alerta…
A
dor aguda surgida de uma forma repentina e deliberada ou não, está associada a
uma causa reconhecida, sendo importante reconhecer o seu papel enquanto alarme
para algo que possa não estar bem. Esta é a chamada dor fisiológica ou sintoma.
Funciona habitualmente como um alerta e incentiva-nos a procurar cuidados de
saúde. Habitualmente deve ser abordada do ponto de vista farmacológico, e
resolvida a questão que lhe deu origem deve desaparecer sem deixar rasto.
Quando
a dor permanece, seja porque a situação de saúde desencadeante não ficou
resolvida ou porque outros mecanismos levaram a que essa dor perpetuasse, temos
então presente a dor crónica ou persistente, que de acordo com os consensos
internacionais dura pelo menos há mais de três meses ou para além do que seria
habitual no processo de resolução da doença.
Esta
situação de dor crónica deve ser reconhecida como doença em si própria, embora
possa resultar de situações muito diferentes. Trata-se de um problema grave de
saúde pública pela extensão de população abrangida.
Dor crónica tem
custos sociais e económicos elevadíssimos…
As
situações mais frequentes reconhecidas de dor são as lombalgias, as dores
ósseas, as cefaleias, as dores associadas a lesões nervosas e a fibromialgia.
Nas mulheres, apesar de menos conhecidas, determinadas situações ligadas a
problemas ginecológicos como as dores pélvicas da endometriose, as vulvodinias
ou as dores pós-mastectomia são muito frequentes mas muitas vezes não
diagnosticados.
A
dor crónica tem um custo brutal a nível social considerando não só os custos
diretos em despesas de saúde mas também os custos sociais resultantes do
absentismo ou das reformas antecipadas.
A
importância da dor crónica na população feminina a nível mundial justificou que
em 2008 um organismo internacional, a Associação Internacional para o Estudo da
Dor, considerasse o tema da dor na mulher como o mote de uma campanha a nível
mundial “Dor real em mulheres reais”, dado que a dor crónica nas mulheres não é
reconhecida nem adequadamente tratada.
Divulgação é
fundamental !!!
Sem comentários:
Enviar um comentário