O
Povoacense Ricardo Jorge Medeiros Cardoso, natural da Vila da Povoação, era um
dos 31 passageiros do fatídico voo 530 da SATA, que, na manhã de sábado, 11 de
dezembro de 1999, se despenhou no Pico da Esperança, Ilha de São Jorge, quando fazia a
ligação entre Ponta Delgada e as Flores, com escala no Aeroporto da Horta.
Ricardo
Cardoso tinha então 21 anos de idade, pedreiro de profissão, era filho de
Urselina do Carmo Medeiros Cardoso (falecida) e de Ricardo Jorge Furtado
Cardoso (falecido). A família vivia no Ramalho, Vila da Povoação.
O
jovem Ricardo Cardoso na altura do malogrado acidente encontrava-se a trabalhar
há alguns meses na Ilha do faial. Naquela altura as Ilhas do Faial e Pico
contavam com muitos micaelenses a trabalhar nas obras de reconstrução, no
seguimento dos estragos provocados pelo sismo de julho de 1998 naquelas ilhas.
Este
nosso conterrâneo depois de alguns meses de trabalho naquelas Ilhas tinha vindo
à sua Ilha, São Miguel, Concelho da Povoação, despedir-se das irmãs que iam viajar até à Bermuda. Ao
que parece, trouxe alguns presentes de Natal para os sobrinhos, já que
tencionava passar o Natal na Ilha do Faial. Aproveitou a oportunidade para
levar consigo alguns objetos pessoais, uma vez que previa demorar-se a ilha
azul.
Sem
que ninguém o pudesse adivinhar, afinal, o Ricardo apenas tinha vindo dizer um
último adeus à família e ao local que o viu nascer e crescer, o Concelho da Povoação, Ramalho, Vila.
O
Funeral do Ricardo Cardoso realizou-se na quarta-feira, 15 de dezembro de 1999,
constituindo uma grande manifestação de pesar na comunidade povoacense.
Aqui
relembramos um dos nossos conterrâneos que infelizmente perdeu a vida tão cedo.
Que
a sua alma descanse em paz!
Ámen!
O Relatório da
Comissão de Inquérito ao acidente
O
avião ATP "Graciosa" da SATA Air Açores realizava um voo (voo SP530M)
regular entre os aeroportos de Ponta Delgada e das Flores, com escala no
Aeroporto da Horta, despenha-se a 11 de dezembro de 1999, no Pico da Esperança,
Ilha de São Jorge, vitimando todos os passageiros e tripulação, num total de 35
vítimas.
O
Relatório da Comissão de Inquérito ao acidente divulgado pelo Instituto
Nacional de Aviação Civil (INAC) concluiu que o voo foi planeado para uma rota
directa ao Aeroporto da Horta, tendo a aeronave efectuado um desvio "sem
que a tripulação se apercebesse", até que começou a cruzar a linha da
costa norte da Ilha de São Jorge, onde viria a embater. A tripulação
"estava plenamente convencida" que a aeronave se encontrava sobre o
Canal de São Jorge, e a sua atenção estava mais concentrada nas más condições
meteorológicas da altura. Após soar o alerta de impato, 3 segundos antes do
primeiro impato, o co-piloto alerta para o fato de estarem "a perder
altitude e em cima de São Jorge". Apesar dos pilotos terem aumentado a
potência dos motores, a manobra foi "insuficiente para ultrapassar o
obstáculo".
A
conclusão do Relatório indicou que a falta de respeito pela altitude de segurança,
uma "navegação estimada imprecisa" e a "não utilização correta
do radar de tempo" foram as das causas do desastre. As más condições
meteorológicas nesse dia - céu muito nublado, vento moderado a forte com
turbulência - e a inexistência de meios autónomos de navegação a bordo do avião
(por exemplo, uso do GPS), que pudessem determinar a sua posição com rigor,
constituíram fatores que contribuíram para o acidente. Quanto à aeronave
sinistrada, conclui que "estava em condições de navegabilidade de acordo
com os regulamentos e procedimentos aprovados pela autoridade aeronáutica"
nacional.
Segundo
José Estima, membro da direção da APPLA (Associação Portuguesa de Pilotos de
Linha Aérea), o fator que contribuiu para o acidente com o avião da SATA foi
"a deficiente qualidade e quantidade de infra-estruturas de apoio à
navegação aérea". No que diz respeito à credibilidade do piloto do avião,
assegura que "o piloto já voava há mais de 20 anos no arquipélago.
Justifica que os pilotos da SATA "são de primeira linha, já que trabalham
em condições adversas".
Infelizmente,
não houve sobreviventes entre 35 passageiros e um deles era o povoacense
Ricardo Jorge Medeiros Cardoso.
Documentário
da Autoria da RTP Açores que relembra a tragédia aérea que mais chocou os
açorianos, uma década depois.
Um
trabalho do jornalista Herberto Gomes, com imagem de Fernando Reis e Jorge
Medeiros e pós-produção de Rui Machado.
Fonte:
Jornal Seara Verde/RTP Açores/Enciclopédia Açores XXI
Veja o vídeo completo deste documentário:
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