domingo, 1 de dezembro de 2013

PANASCO

Dactylis glomerata

Família: Poaceae

Origem

Bacia do Mediterrânico; Europa e Ásia de clima temperado até à China. Introduzida como planta pratense em muitos outros territórios de clima temperado ou mediterrânico (e.g. Açores, Madeira, Américas do Norte e do Sul, Austrália, Nova Zelândia e África do Sul).

Variabilidade

O panasco é uma espécie complexa. Em função da morfologia e do número de cromossomas são correntemente aceites pelo menos dezoito subespécies. A Euro+Med Plantbase admite a presença de cinco subespécies em Portugal:

glomerata, hackelii (= marina), izcoi, lusitanica e hispanica. A subsp. hackelii com as suas folhas papilosas e ecologia litoral tem um escasso interesse agronómico. As subsp. glomerata, izcoi e lusitanica são difíceis senão impossíveis de distinguir no campo, por essa razão são reunidas por muitos autores numa subsp. glomerata s.l. (de sentido lato), critério este seguido nesta ficha. As subespécies glomerata s.l. e hispanica distinguem-se com base nos seguintes carateres:

• subsp. glomerata s.l. – Folhas largas (até 12 mm). Inflorescência ampla (aberta). Eixos secundários da inflorescência (ramos diretamente inseridos no eixo primário que resulta do prolongamento do colmo) longos; o eixo secundário inferior maior do que o primeiro entrenó do eixo primário. Lema geralmente bidentada e com uma arista até 1,5 mm. Frequente nas regiões mais húmidas de Portugal (e.g. faixa litoral e sublitoral oeste, noroeste e montanhas) em lameiros, pousios de terras profundas, orlas de bosque, taludes terrosos e margens de caminhos. As cultivares comercializadas em Portugal enquadram-se nesta subespécie.

• subsp. hispanica. – Folhas mais estreitas (até 4,5 mm).

Inflorescência contraída (compacta), raramente com mais de 1 cm de largura. Eixos secundários da inflorescência curtos, menores do que o primeiro entrenó do eixo primário da panícula. Ápice das lemas lobulados e com uma arista até 1 mm. Frequente em orlas de bosques, clareiras de matos, taludes e margens de caminhos em áreas de clima mediterrânico.

Ecologia

Encontra-se desde o litoral até grande altitude (atinge os 2500 m nos Alpes). Requer valores de precipitação de, pelo menos, 450 a 650 mm. Cessa o crescimento quando as temperaturas são inferiores a 5,0 ºC. Prefere solos moderadamente ácidos a alcalinos (pH entre 5,8 e 7,5, de preferência), húmidos mas bem drenados. Para além de não suportar períodos prolongados de excesso de humidade no solo, também não vegeta bem em solos salinos. Indiferente à textura e à fertilidade do solo, por desenvolver um forte sistema radicular que favorece a adaptação a situações menos favoráveis. Ao contrário do azevém-perene (Lolium perenne L.) suporta bem o ensombramento, grandes variações de humidade no solo ao longo do ano e verãos secos (as cultivares de proveniência mediterrânica como a ‘Kasbah’ ou a ‘Porto’ entram em dormência estival). O corte favorece mais esta espécie do que o pastoreio, sendo a planta prejudicada por pressões de pastoreio elevadas (como seja o pastoreio a fundo por ovelhas no verão) ou quando o solo está muito húmido. O pastoreio estival intensivo por ovelhas é aliás uma das explicações do insucesso de persistência da espécie em algumas pastagens de sequeiro.

Possibilidades de uso

O panasco é geralmente usado em misturas com outras gramíneas e leguminosas em pastagens permanentes. Esta espécie pode ser usada para pastoreio direto, corte em verde, produção de feno ou silagem. As pastagens que incluem o panasco são apropriadas para todas as espécies pecuárias, havendo algumas referências na bibliografia que as recomendam para a criação de cervídeos (veado, corço, gamo, etc.). Proporciona uma pastagem de excelente qualidade, tendo a particularidade de continuar a crescer durante o pastoreio, desde que as condições de humidade e temperaturas sejam as adequadas. Este facto faz com que seja uma das espécies mais difundidas nas pastagens de sequeiro e de regadio, em Portugal e no Mundo. Ao crescer bem em condições de ensombramento apresenta boas produções em pastagens sob coberto, frequentes em muitas regiões de Portugal. As plantas apresentam teores de açucares mais elevados que os de outras gramíneas, pelo que a biomassa que produz é mais apetecida pelos animais. No entanto, a palatabilidade diminui abruptamente a partir do final da floração. Tomando o Lolium perenne L. como referência, o Dactylis produz uma biomassa de menor qualidade alimentar mas obtida através de mais baixos consumos de azoto.


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