terça-feira, 1 de outubro de 2013

LITÍASE: CONSUMO DE ÁGUA E ALTERAÇÕES NA DIETA SÃO FUNDAMENTAIS PARA A PREVENÇÃO

Artigo de Tomé Lopes, Presidente da Associação Portuguesa de Urologia

A litíase urinária, também designada por urolitíase, é uma doença crónica e estima-se que afete uma em cada 100 pessoas, em especial os indivíduos do sexo masculino. Surge, sobretudo, ligada à formação de cálculos renais, vulgarmente designados pedras nos rins. Cerca de 80% dos indivíduos elimina a pedra espontaneamente, juntamente com a urina, mas 20% necessita de alguma forma de tratamento.

A formação dos cálculos urinários é uma disfunção metabólica crónica, ou seja, uma vez formado um primeiro cálculo, é frequente a formação de novos cálculos, mesmo depois de removido o primeiro. Estima-se que cerca de 50% dos doentes não tratados, a quem foi diagnosticado um cálculo urinário, irá desenvolver um novo cálculo 5 a 10 anos depois.

A permanência de cálculos no aparelho urinário pode não causar qualquer sintoma, se estes forem inferiores a 2mm ou, pelo contrário, cálculos com diâmetro superior a 3mm podem desencadear sintomas muito intensos, como cólicas renais e complicações clínicas graves, que podem culminar em insuficiência renal crónica.

As complicações tardias mais frequentes da litíase urinária são a pielonefrite, uma infecção da árvore pielocalicial e dos tecidos renais, e a hidronefrose, uma acumulação tão significativa de urina nas vias urinárias que acaba por impedir a atividade renal. Ambas as complicações, caso não sejam tratadas em tempo útil, conduzem a uma deterioração dos rins e, consequentemente, a insuficiência renal crónica. Beber água em abundância - pelo menos 2 litros por dia - controlar o consumo de leite e derivados, de farinha, sardinhas e frutos secos são algumas das formas de prevenção. Deve moderar-se igualmente o consumo de carnes vermelhas, alimentos em conserva, marisco, grão, café, chocolate e bebidas alcoólicas.

O diagnóstico de litíase urinária é feito pelo médico urologista, que determina o tipo de tratamento mais adequado. Em 80% dos casos, o reforço hídrico e as alterações na dieta permitem evitar ou reduzir significativamente a formação de novos cálculos. Só nos casos mais graves se torna necessário recorrer à extração dos cálculos através de cirurgia, de ultra-sons ou de raios laser.

A litíase exige um “compromisso vitalício” na realização dos tratamentos prescritos, dado que a prevenção deve ser feita continuamente desde que a doença é detetada até ao resto da vida.










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