quinta-feira, 10 de outubro de 2013

IN MEMORIAM - VERÍSSIMO BORGES

Passaram-se anteontem 5 anos sobre o falecimento prematuro de Veríssimo Borges. Não fora a evocação ontem, no Correio dos Açores, por um seu amigo e companheiro de luta, Teófilo Braga de seu nome, e a data passaria despercebida, como julgo que passou, infelizmente para muitas pessoas e injustamente para a memória de Veríssimo Borges e para todos aqueles que colocam a causa pública e o bem comum acima dos seus interesses pessoais.



Conheci Veríssimo Borges nas reuniões do S.O.S.-Lagoas, o movimento ambientalista que, em meados dos anos 90, agitou a consciência ecológica dos Açorianos para o grave problema do assoreamento e eutrofização das nossas lagoas, como consequência direta da monocultura intensiva da vaca, e que incomodou os poderes da época e muitos interesses instalados, como até então nunca se tinha verificado. Além do Veríssimo Borges, recordo-me da militância e do ativismo de nomes como o Rui Alcântara, Carlos de Bulhão Pato, Carlos Elias Rodrigues, Ricardo Rodrigues, o próprio Teófilo Braga e Hermenegildo Galante, entre outros e recordo as várias reuniões de sensibilização em que participei, com destaque para uma nas escola secundária das Laranjeiras, em que sovei o Prof. Vasco Garcia, à data deputado europeu empenhadíssimo nos fundos para as arroteias, mas que de repente se recordara da sua formação de biólogo e jurava ser ambientalista, e outra, o célebre abraço à lagoa das Furnas, que teve transmissão direta via internet, julgo que, por obra e graça de Pierre Sousa Lima, que então dava os primeiros passos e foi um dos pioneiro nos Açores, nestas coisas da W.W.W.

Veríssimo Borges não era apenas uma das figuras mais inteligentes, mais marcantes e incisivas daquele movimento. Ele foi, juntamente com Teófilo Braga, um dos precursores da consciencialização ecológica e do ativismo ambientalista nos Açores e fez disso uma causa à qual se manteve fiel até aos seus últimos dias.

Veríssimo Borges nunca se rendeu ao politicamente correto, nunca se aproveitou do mediatismo que a causa e o movimento lhe conferiram, para daí tirar outros dividendos, resistiu sempre à sedução partidária a que outros sucumbiram e mesmo na opção política que fez, já na fase terminal da sua vida, foi honesto, sereno, generoso e humilde!

Veríssimo Borges foi um testemunho vivo de que a honestidade, a coragem, o carácter e a frontalidade são valores que não se negoceiam e de que o bem público e o interesse comum são causas que valem uma vida e se sobrepõem a todas as demais.

Que a sua memória não se apague e que o seu exemplo nos sirva de inspiração.

Obrigado Veríssimo!

Por: Luís Quental



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