sábado, 5 de outubro de 2013

A BARBIE SANT’ANA E OS LÁZAROS DE HOJE…

Tenho quase 70 anos de idade e 41 de sacerdote. Por tudo isto, dou Graças a Deus! Já estou a entrar – ou melhor, já estou – na idade da “essencialidade”. Ou seja, na idade de ler textos que me falem de humanidade, de poesia, de “essencialidade”. Infelizmente, nem sempre consigo gozar deste “direito”. Sim, deste direito, pois sou “um simples Professor Auxiliar aposentado”. Na minha vida, nunca escrevi nada “contra” os colegas. Este Editorial também não é contra ninguém. É apenas um desabafo. Um desabafo sentido, que ganhou mais força quando preparava a Homilia do domingo passado, 26.º do Tempo Comum e de ler os escritos no Açoriano Oriental sobre o que foi classificado de restauro desastroso da imagem de Sant’Ana das Furnas.

Na referida Homilia, dizia eu: “há uma distância insuperável entre aquele homem podre de rico, (sem nome), e o pobre Lázaro consumado pela miséria. Para Deus cada pobre tem um nome, um rosto, é um amigo de Deus. Deus conhece pelo nome os Seus pobres e inscreve-os a todos no céu, depois de os ter gravado na palma da Sua mão. E continuava: “A vida e a fé não dependem da espetacularidade ou do milagre. A fé é sempre um levantar-se do sofá, na hora mais incómoda do dia ou da noite, para vermos e escutarmos os Lázaros da nossa paróquia, que são PALAVRA E PROFECIA DE DEUS. Não são as aparições que convertem a vida. São, sim, as migalhas que caiem da mesa dos ricos….os grãos de mostarda… as moedas da viúva do Evangelho. São essas “aparições” que, embora não resolvam os problemas do mundo, SALVAM OS NOSSOS EGOÍSMOS DO ABISMO DA INDIFERENÇA DUM CORAÇÃO ANESTESIADO (e disse mais….).

Quando me confronto com este texto do Evangelho (Lc 16, 19-31) e vejo responsáveis da Igreja preocupados com um restauro classificado, quanto a mim, INJUSTAMENTE, de desastroso, fico preocupado.

Tanta “preocupação, Senhor!!!”. E mais preocupado fico ainda perante o silêncio do senhor Bispo e a tomada de posição do Vigário Geral, mais preocupado em defender o “poder”, que pode não ser sempre sinónimo de serviço, do que em “tornar-se solidário”, como é seu dever.

O Açoriano Oriental ganhou em tiragem. A Igreja, porém, perdeu em credibilidade.

P. Octávio (de motu próprio)

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