terça-feira, 2 de julho de 2013

SÃO JOÃO DE BRAGA - UM SEGREDO BEM GUARDADO QUE CHEGOU A HORA DE REVELAR

O São João de Braga é uma festa popular, que tem lugar no mês de Junho em Braga, Portugal, que celebra o nascimento de São João Batista. O culminar da festa é na noite de 23 para 24 de Junho.

A origem do São João de Braga é difícil de determinar, existindo referências a celebrações religiosas no século XII, estando documentada a organização municipal das mesmas desde 1517 (século XVI).

Existe uma igreja paroquial dedicada a São João, desde o século XII, e uma capela (da Ponte) desde 1616.

Ao longo do século XVI o São João já fazia parte das celebrações estatutárias da cidade, detendo até um estandarte oficial. Por este tempo, temos conhecimento da existência de algumas tradições. Uma delas é o Candeleiro, em que uma vela votiva era transportada pelas ruas da cidade. Associada a esta antiga usança estavam outras tradições como a dança das pélas (as padeiras da cidade, transportadas aos ombros, executavam uma coreografia); os espingardeiros, que deveriam disparar para o ar durante o percurso; e, ainda, uma dança de espadas, espécie de pauliteiros que deveriam secundar o Candeleiro. A corrida do porco preto era outra das grandes tradições sanjoaninas. Um porco era soltado do Picoto, e perseguido até às margens do rio Este, onde se encontrava, sobre a ponte, um grupo de moleiros que tentavam impedir a passagem do animal. Se o porco resolvesse atravessar o rio era pertença dos moleiros, se conseguisse atravessar a ponte ficava a pertencer aos cavaleiros. Outra das tradições associadas ao São João era a serpe, símbolo do pecado que se insinua aos humanos, e restituída às festas no Encontro de Gigantones e Cabeçudos.

Pelo relato de um monge francês, que passou o dia de São João em Braga no ano de 1699, sabemos ao pormenor como seria a Procissão dos Santos do Mês de Junho, que ainda hoje se faz na tarde do dia 24. Antes da reforma litúrgica que ocorreu poucos anos depois deste relato, não faltavam danças e lutas durante o percurso, assemelhando-se mais a um corso carnavalesco do que a um cortejo religioso. A procissão vai ser reformulada com manifestações de teatro sacro. A “Relação do Festivo Aplauso”, documento que descreve a do ano de 1754, fala-nos já de uma exibição similar ao carro dos pastores, onde figuravam seis carros relativos a algumas passagens da vida de São João Batista. Nesta descrição é referido que Braga era «sempre a primeira (cidade) nos cultos do mesmo Santo», o que atesta que estas festas teriam uma dimensão significativa.

A dança do Rei David e o Carro dos Pastores continuam a ser o momento de maior originalidade das festas. São acompanhados pelo Carro das Ervas, uma memória das procissões medievais que exigiam este tipo de carros de cheiro, vai abrindo o cortejo “despejando”, pelas ruas, as ervas para perfumar as ruas. A dança do Rei David, reformulada no século XIX, deriva provavelmente da Mourisca, uma dança associada à procissão do Corpo de Deus.

Outra das tradições dos festejos é os quadros bíblicos representados no rio Este, que têm origem no século XIX. De um lado da ponte está a representação do baptismo de Cristo, e do outro um gigantesco S. Cristóvão.

Um dos pontos centrais do festejo é em torno da Capela de S. João da Ponte, edificada no século XVI a mando de D. Diogo de Sousa. Apesar dos mais antigos documentos datarem do século XIV é provável que estes festejos tenham origem prévia.

A cidade é extensamente decorada, desde as mais importantes ruas do centro histórico, passando pela principal artéria da cidade, a Avenida da Liberdade, e culminando no parque da Ponte.

Na noite de S. João milhares de pessoas ocupam as ruas da cidade com martelinhos e o alho porro. O rio Este, qunado cruzado pela Avenida da Liberdade, serve de palco a tradicionais quadros bíblicos referentes a São João Batista. De um dos lados da ponte está representado o baptismo de Cristo e do outro lado S. Cristóvão, com o menino Jesus aos ombros, sobre as águas do Este.

Na cultura popular abundam canticos referentes ao festejo:

Ó meu S.João da Ponte
A vossa Capela cheira
Cheira a cravo, cheira à rosa
Cheira à flor da Laranjeira
S.João vem cá abaixo
Que tu chegas cá num ai
No céu nem fazes ideia

Do que cá por Braga vai

Dança do Rei David


Carro dos Pastores

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