Os primeiros ranchos de romeiros começam a preparar-se para percorrer
as estradas da ilha de São Miguel, cumprindo uma tradição quaresmal que remonta
ao século XVI e envolve este ano mais de dois mil homens.
Todos os anos, entre o Carnaval e a Páscoa, dezenas de grupos de
romeiros, trajando uma indumentária específica, que inclui xaile, lenço, saco
para alimentos, bordão e terço, percorrem as estradas de São Miguel entoando
cantos e orando.
Durante oito dias, os ranchos de romeiros cumprem um percurso, sempre
com o mar pela esquerda, que os leva ao maior número possível de igrejas e
ermidas na ilha de São Miguel, pernoitando em casas particulares e salões
paroquiais.
O cansaço e, principalmente, os problemas nos pés são as maiores
dificuldades enfrentadas pelos romeiros que, por vezes, também têm que
enfrentar condições meteorológicas adversas.
O culto penitente dos romeiros na ilha de São Miguel, tem a sua origem
em 1522, quando, na madrugada de 22 de Outubro, um grande tremor de terra
abalou Vila Franca do Campo originando a morte da maior parte dos seus
habitantes, tendo ficado soterrados cerca de dois terços da vila. Após a
tragédia, os sobreviventes terão ido em romagem a uma ermida sob a invocação de
Nossa Senhora – eventualmente, a primeira a ser construída depois do terramoto.
A romagem alargou-se depois a outras igrejas e ermidas dedicadas a Nossa
Senhora, num percurso cada vez mais longo, até resultar no englobamento de
todas as igrejas e ermidas onde se encontre um altar de Nossa Senhora.
Nas romarias são organizadas por localidades e só envolvem homens,
tendo a importância desta tradição lavado o Governo dos Açores a dispensar do
serviço os trabalhadores da administração pública regional que pretendam participar
nas romarias.
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