sábado, 23 de fevereiro de 2013

DISCURSO DO PRESIDENTE NA XI EXPOSIÇÃO DE CAMÉLIAS DAS FURNAS


Não existe preservação do nosso ambiente, se ela não for sustentada nos hábitos, nos costumes, na cultura das nossas gentes. Por outras palavras, tudo se faz com maior perenidade se se perceber e aceitar com naturalidade a “vida vivida” das pessoas. Mesmo a mudança de hábitos só poderá acontecer, com a conscientização popular e desde que esteja assente em valores próprios da cultura das comunidades locais.

Vem isto a propósito do evento que celebramos hoje.

Hoje homenageamos e todos os anos por esta época, todos quantos, com sensibilidade rara, promoveram a construção de jardins e parques, com especial relevo para o Parque Terra Nostra, transformando a nossa terra num jardim lindíssimo, com perfumes inebriantes, de cores as mais variadas e extasiantes. Deste exemplo de bom gosto, pululam pelo nosso Concelho, jardins públicos e domésticos, outrossim de grande beleza.

Celebramos a introdução de espécies botânicas de invulgar beleza matizante que, importadas de outras paragens deste mundo e não sendo por isso autóctones, trouxeram ainda maior beleza à nossa terra.

Celebramos os jardineiros da nossa terra, os maiores arquitetos do nosso embelezamento paisagístico, verdadeiros artistas de alma despoluída que nos deixam um legado cultural que assumimos com muita honra, porque o vivemos com enorme prazer romântico que nos amacia a alma para o amor que é nascente pura de esperança e de vida.

Celebramos ainda a rainha das flores do nosso inverno quase primavera. As camélias. As camélias sim, no plural, porque somos pertença de terra farta, de gente com saber de experiência feita, quais cientistas da botânica que ao longo de séculos progenitaram o surto de variadíssimas espécies de camélias. Dizem-me que não há outra terra no mundo, com tamanha variedade de camélias.

A camélia, flor muito linda, mas muito frágil e de grande sensibilidade. Traduzindo, diria, aliás como outros o escreveram melhor, que a camélia é a flor do amor romântico, belo e triste, de íntima delicadeza, em busca dum carinho quantas vezes errante.

A camélia é uma flor que insinua a sua beleza: pelas suas formas e pelas suas cores, ficamos entusiasmados, mas verdadeiramente ficamos apaixonados quando lhes tocamos e quando, com este toque, as cheiramos com desvelo e carinho. Vivamos assim a vida!

Homenageamos aqui também e com muito apreço o Fernando Casado, assim como todos quantos integram a sua equipa. Por eles, os tais arquitetos da paisagem, os tais cientistas de saber de experiência feita, verdadeiros artistas de alma despoluída, apaixonados pela terra e pelas flores, recebemos um legado de incalculável valor que urge preservar à maneira deles, tal como eles fazem, porque só eles o sabem fazer assim.

Por causa deles a nossa vida é mais bela. E o Nosso Concelho o Mais Lindo dos Açores!

Obrigado

Carlos Ávila   

Fotos: Dr.ª Edite Miguel  

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